Esta história não é minha. Ela me foi contada pelo pai de um amigo, quando eu tinha algo em torno dos doze anos, que a ouviu de sua mãe, a protagonista. A vó do meu amigo era uma criança quando ocorreu o fato e morava para fora, nesse momento se faz necessário uma explicação, se você leitor não é da fronteira oeste do Rio Grande do Sul talvez não entenda o que significa morar pra fora, mas é simples. Ela morava na área rural, no campo, em uma chácara, fazenda, sitio, morava fora do perímetro urbano. Pois então, ela era uma criança, morava pra fora, e o ano era algo em torno de 1910, acredito eu.
Existe uma árvore seca, na beira da rodovia entre Santiago e Manoel Viana, alguns quilômetros depois da Porteira do Toroquá. Lá, no entardecer, quando o sol cega os motoristas, a figura de uma mulher pode ser vista, por alguns segundos, dependurada pelo pescoço, no galho mais forte. As pernas balançando, levemente, já sem vida.
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Na fronteira entre o Brasil e a Argentina, não muito longe da barranca do Rio Uruguai, em São Borja, nas noites mais silenciosas, ouvidos atentos podem escutar o retumbar da batalha, quando Brasileiros e Paraguaios travaram um sangrento duelo. Não raros são os relatos daqueles que viram os clarões dos canhões, e ouviram o relinchar dos cavalos e o barulho dos seus cascos contra o chão. Mas pior é o que vem depois do cessar dos tiros. O pior é o lamento dos moribundos abandonados no campo, os gritos de dor e medo.
Descrição
Informações adicionais
Autor | Antônio Cândido Silva da Silva |
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Tradutor | Não |
Ano de Edição | 2021 |
Editora | Bestiário |
ISBN | 9786588865569 |
Ano | 2021 |
Edição | 1ª |
Origem | Brasil |
Formato | Livro |
Encadernação | simples |
Idioma | Português |
País | Brasil |
Páginas | 256 |
Altura | 1 |
Comprimento | 21 |
Largura | 14 |
Peso | 0,3540 |
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